sexta-feira, 19 de julho de 2013

"Cypherpunks, liberdade e o futuro da internet", Julian Assange e outros


Finalmente estou lendo. Para quem quer saber mais sobre o WikiLeaks.

Resumo publicado no site da Travessa:

“Este livro não é um manifesto. Não há tempo para isso. Este livro é um alerta.” Julian Assange, na introdução de Cypherpunks.

Cypherpunks – liberdade e o futuro da internet é o primeiro livro de Julian Assange, editor chefe e visionário por trás do Wikileaks, a ser publicado no Brasil com o selo da Boitempo. O livro é resultado de reflexões de Assange com um grupo de pensadores rebeldes e ativistas que atuam nas linhas de frente da batalha em defesa do ciberespaço (Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jérémie Zimmermann). Apesar de a internet ter possibilitado verdadeiras revoluções no mundo todo, Assange prevê uma grande onda de repressão, a ponto de considerar a internet como uma possível ameaça à civilização humana devido à transferência do poder de populações inteiras a um complexo de agências de espionagem e seus aliados corporativos transnacionais, que não precisarão prestar contas pelos seus atos. O livro reflete sobre a vigilância em massa, censura e liberdade, mas o principal tema é o movimento cypherpunk, que defendem a utilização da criptografia e métodos similares como meios para provocar mudanças sociais e políticas. Fundado no início dos anos 1990, o movimento atingiu o auge de suas atividades durante as “criptoguerras” e após a censura da Internet em 2011 na Primavera Árabe. Desde junho deste ano, quando conseguiu asilo político na Embaixada do Equador em Londres temendo um revés diplomático que o entregasse às autoridades norte-americanas, Assange tem se dedicado a promover debates sobre a sociedade contemporânea com grandes intelectuais de todo o mundo e foi dentro deste contexto que escreveu Cypherpunks."

Para saber preços etc, clique AQUI.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sobre fan fictions, livros digitais, direito dos autores etc

Imagem meramente ilustrativa

Muito interessante esta matéria publicada na Folha de S. Paulo de hoje. Não é sobre livros de Jornalismo, mas é uma boa reflexão sobre livros. Leia abaixo.

Quem é o autor?
Sai o fetiche do livro: escritores e editores viram produtores que exploramhistórias em várias plataformas e as multiplicam em obras coletivas
RAQUEL COZERCOLUNISTA DA FOLHA
Alguma coisa está muito fora do padrão quando a maior livraria on-line do mundo abraça uma causa que há mais de uma década cresce às margens do mercado e à revelia de alguns de seus autores mais vendidos.

Isso aconteceu duas semanas atrás, quando a Amazon estreou a plataforma Kindle Words, pela qual fãs que gostam de criar histórias baseadas em best-sellers --a chamada "fan fiction", que reaproveita cenários e personagens de outros escritores-- podem não só fazer isso legalmente como vender suas criações.

Para criar a plataforma, a Amazon obteve licenças de séries como "Gossip Girl", de Cecily Von Ziegesar, e "Pretty Little Liars", de Sara Shepard. Com isso, tramas que chegavam a ser vistas como plágio agora podem render frutos ao fã, ao escritor que o inspirou e, é claro, à livraria.

Nesse cenário, o autor da história original deixa de ganhar especificamente pela venda de livros e sua obra vira uma marca, licenciada e multiplicada pelas mãos de vários outros escritores.

Esse é o recorte de um momento que o editor americano Richard Nash retrata no provocativo ensaio "Qual o negócio da literatura?", no mais recente número da "Serrote", revista do Instituto Moreira Salles, que será lançado em São Paulo neste domingo.

É um cenário em que autor e editor vão além dos livros para virar produtores de cultura. "A cultura do livro não é fetichismo com o texto impresso; é o movimento da ideia e do estilo na expressão de histórias", escreve Nash.

O texto põe em cheque o direito autoral --justo o que hoje garante a sobrevivência do mercado. Defende que esse direito não foi criado para proteger o autor, mas "nasceu de um interesse meramente corporativo".

O editor explica à Folha: "Uma parcela mínima de escritores faz dinheiro. O direito autoral existe para facilitar ao editor o retorno sobre seu investimento e impedir cópias do seu produto."

Isso num mundo analógico. No digital, defende Nash, "a receita não virá de fazer cópias, virá de serviços, palestras, produtos associados. São formas de gerar receita que independem do faturamento com vendas de livros."

Nesse contexto, entram iniciativas como a plataforma de "fan fiction" da Amazon, festivais literários como a Flip e romances colaborativos como "The Silent History", um aplicativo lançado há pouco no iTunes e que permite aos leitores expandir a história.

Nash, que ganhou em 2005 um prêmio de de criatividade da Associação de Editores Americanos pela editora independente Soft Skull, criou em 2011 um site que explora essas alternativas no que diz respeito ao mercado.

Com 10 mil títulos à venda, o Small Demons é uma enciclopédia de referências literárias: você acha desde uma lista de livros que abordam Bob Dylan até todos os famosos citados em "Infinite Jest", de David Foster Wallace.

FORA DA CURVA
No que diz respeito ao autor, o engenheiro de software brasileiro Silvio Meira enxerga ainda mais possibilidades.

Autor de palestra que, no Congresso do Livro Digital, em junho, lhe rendeu uma emboscada de bibliotecários (insatisfeitos com seu questionamento sobre a importância de bibliotecas físicas no futuro), Meira diz que o escritor já vive cenário multifacetado.

"Conheço dezenas de escritores, mas não conheço nenhum que viva dos livros que escreve. Alguns são colunistas, outros fazem roteiros, outros atuam em editoras", diz.
Apesar disso, no centro de tudo está o livro. "Se alguém pirateia meu livro e o lê inteiro, posso acreditar que estará interessado o suficiente para ir a alguma palestra que eu vá ministrar", exemplifica.

Para ele, os direitos autorais serão vistos no futuro como um ponto fora da curva na história da literatura.

"O autor foi criado pela prensa. Antes de Gutenberg, não existia copyright. As histórias pertenciam às comunidades. Vemos agora uma volta ao coletivo, com mixagem, apropriação de textos. O conceito de autor fica difuso".

É uma visão que editores de grandes casas ainda entendem como algo distante.

CONFIANÇA
"O livro digital ainda está na margem de 2% a 2,5% no faturamento de editoras no Brasil. Pode ser que aconteçam mudanças radicais envolvendo direitos autorais, mas só quando esse mercado for suficientemente grande", diz Pascoal Soto, da LeYa.

Tomas Pereira, da Sextante, estranha a visão de que o direito autoral interesse mais às editoras que aos autores. "Nossa atividade nasce da confiança do autor. O que pagamos a ele representa nosso maior custo de produção."

Ele concorda que quase nenhum autor vive da venda de livros, mas não vê nisso justificativa para o abandono do valor que o leitor se dispõe a pagar pelo livro. Saber por quanto tempo, no modelo que se impõe, haverá disposição para pagar por algo que se pode ter de graça, como lembra Nash, é o mistério.

'O direito de proibir cópias perdeu a importância'
DA COLUNISTA DA FOLHA
Leia trechos da entrevista com Richard Nash, autor do ensaio "Qual o negócio da literatura", na "Serrote".
(RC)
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Folha -- O sr. escreve que o mercado editorial é "um sistema que produz boa literatura apesar de si mesmo". Pode explicar essa ideia?
Richard Nash -- Nós [editores] estamos tão propensos a ignorar a boa literatura como a encontrá-la. A verdade é que ninguém jamais foi consistentemente capaz de "descobrir" a grandeza, nem sequer a comercial, assim como quem aposta em corridas de cavalo não é tão bom no que faz. Isso em parte porque a grandeza não é só intrínseca à obra, é também contextual, tem a ver com o momento.
O sistema editorial será melhor quando se focar na produção de cultura, em oposição à descoberta de arte.

Acredita que direitos autorais se tornem algo ultrapassado?
Um estudo recente indicou que a indústria editorial na Alemanha do século 19 era mais robusta sem copyright do que a inglesa com copyright. Direitos autorais existem para facilitar aos editores, num mundo analógico, ter retorno sobre seu investimento e impedir concorrentes de copiar seu produto.
Em retrospecto, eles provavelmente não eram necessários na era analógica e certamente não são viáveis agora. A receita não virá de fazer cópias de coisas. Virá de serviços, palestras, produtos associados. São formas mais sofisticadas de gerar receita a partir de ideias e histórias.

E como ficaria o autor?
À medida que o direito de proibir cópias (o copyright) se torna menos importante, o de ser identificado como autor do trabalho ganha força.

O direito de marcas suplanta os direitos autorais como apoio legal para a economia da escrita. É o que pode me impedir de fingir ser Malcolm Gladwell e ganhar US$ 50 mil para falar a um grupo que tenha gostado do livro "Blink".

Se sua marca é forte, você pode licenciá-la sob termos restritivos a outros, como a Amazon fez agora com sua plafatorma de "fan fiction", com autores autorizando histórias baseadas nas suas.

E essa criação se torna parte de um grande fluxo remixável na sociedade. Queremos todos a camiseta do artilheiro. Isso ele controla, mas todos tentam copiar a forma como o gol foi marcado.

Agora, mesmo sem copyright, muitos preferem o vendedor autorizado. Nos EUA, a moda é manter a etiqueta da loja no boné de beisebol. Autores como E.L. James sempre surgirão, como memes. É um "Gagnam Style" [música pop sul-coreana que virou mania] do mundo literário, livros comprados simplesmente porque todos estão comprando.


terça-feira, 9 de julho de 2013

"Guerras e tormentas - Diário de um correspondente internacional", Rodrigo Lopes


Taí. Parece interessante. Gosto do assunto. Encomendei. E leiam o artigo de Carlos Alberto Di Franco publicado hoje na íntegra pelo Estadão e resumido pelo Globo.

"Prendo a respiração, tento puxar o ar pela boca, mas o cheiro dos cadáveres em decomposição invade todos os meus sentidos. Volto alguns passos, penso em não olhar. Mas, como jornalista, sinto o dever de escancarar a realidade crua. Na escola, há pelo menos dez corpos insepultos, na quadra de futebol, ao sol. Pobreza, porcos misturados a pães, arroz e bananas e trânsito confuso sempre fizeram parte do dia a dia dos haitianos. Até o cheiro forte da comida temperada e exótica é antigo conhecido dos brasileiros. A diferença, agora, é que tudo isso está misturado ao cheiro de morte. Assim é o Haiti. Homens e mulheres que podem sofrer tragédias violentas uma ou duas vezes, ou até três - e depois sofrer ainda mais."

O relato em primeira pessoa do jornalista Rodrigo Lopes, repórter multimídia e correspondente internacional do Grupo RBS, mostra a garra da reportagem de qualidade. A adrenalina da guerra, o infindável sofrimento de povos castigados pela força misteriosa da natureza, o registro de momentos de admirável grandeza moral, um impressionante mosaico do drama humano, batem forte no leitor. O texto está despido de sensacionalismo, mas carregado de paixão. E o que seria do jornalismo se faltasse o fascínio do repórter por seu ofício? Rodrigo Lopes, um jornalista jovem e tarimbado, não é um espectador neutro da história. Ainda bem. Derramou lágrimas. Manifestou indignação. Vibrou com fagulhas da vida humana. Guerras e Tormentas (BesouroBox Edições) é um mergulho do repórter nos principais acontecimentos deste início de século. Vale a pena.

"23h do dia 5 de abril, uma terça-feira. Sentado no chão gelado de paralelepípedos da Via della Conciliazione, sinto-me como uma ilha, cercada de gente por todos os lados. Para onde olho, há pessoas chorando, rezando, cantando." A multidão passa diante do corpo do papa. "São 5h48m. Um arrepio percorre o meu braço direito. Estático a dois metros de João Paulo II, é como se o tempo parasse. Os fiéis passam por mim. Prendo o passo, ando devagar, para que o guarda não perceba que quero ficar mais tempo. Ganho uns 15 segundos extras. Mas não é mais possível ficar. Um segurança se aproxima e interrompe meu êxtase. Proibido celular - ele diz. Os 10 minutos mais emocionantes da minha vida se encerram em duas frases, ao vivo para o sul do Brasil: Tenho que desligar a pedido de um segurança. Voltamos a qualquer momento... Sigo caminhando, à direita do caixão. Tempo apenas para uma foto. Ao sair da basílica, o azul matutino do céu de Roma se abre na praça. Meu telefone toca: Seu f.d.p, me fez chorar! Do outro lado da linha, Luciano Wilson, meu amigo de infância, o Jesus das encenações da via-sacra do nosso bairro, nos tempos do grupo de jovens da igreja."

Luciano representa a cabeça do leitor médio. Ninguém resiste à magia da reportagem. Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, consequentemente, chatos. Precisam, com urgência, recuperar a capacidade de surpreender e emocionar o leitor.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas das empresas de comunicação. É preciso seduzir o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasília e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia, para o empreendedorismo, para a inovação. Tem muita coisa interessante acontecendo. A boa notícia existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.

Precisamos, enfim, combater a síndrome ideológica que ainda persiste em alguns guetos anacrônicos. Seu exemplo mais acabado é a patologia dos rótulos. Alguns jornalistas não perceberam que o mundo mudou. Insistem, teimosamente, em reduzir a vida à pobreza de quatro qualificativos: direita, esquerda, conservador, progressista. Tais epítetos, estrategicamente pendurados, têm dupla finalidade: exaltar ou afundar, gerar simpatias exemplares ou antipatias gratuitas. A boa reportagem é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta de apuração. É, frequentemente, uma mentira.

A apuração de faz de conta representa uma das maiores agressões ao leitor. Matérias previamente decididas em redutos sectários buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não se apoia na busca da verdade. É um artifício para validar a premissa que se quer impor. O pluralismo de fachada, hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o repórter quer ouvir. Mata-se a reportagem. Cria-se a versão.

É importante que os repórteres e os responsáveis pelas redações tomem consciência desta verdade redonda: a imparcialidade (que não é neutralidade) é o melhor investimento. O leitor quer informação clara, corajosa, bem apurada. Não devemos sucumbir à tentação do protagonismo. Não somos construtores de verdades. Nosso ofício, humilde e grandioso, é o de iluminar a história.

Inúmeras foram as reflexões suscitadas pelo excelente texto do repórter Rodrigo Lopes. O leitor, em qualquer plataforma, evita os produto sem alma. Recusa as tentativas de engajamento ideológico. Quer matérias interessantes, pautas próprias. Quer menos burocracia e mais criatividade. Quer menos jornalismo de registro e mais reportagem de qualidade. Quer um jornalismo rigoroso, mas produzido com paixão.

Carlos Alberto di Franco é doutor em comunicação pela Universidade de Navarra e diretor do departamento de comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais.

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

"Como aprendi o português, e outras aventuras", Paulo Rónai


Interessante. Vejam a matéria que saiu hoje no Segundo Caderno do Globo.

Para ler é só passar a mãozinha na imagem

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quarta-feira, 3 de julho de 2013

"O pai dos burros - dicionário de lugares-comuns e frases feitas", Humberto Werneck

Delícia de pequeno dicionário. Essencial para jornalistas, publicitários, rps e estudantes de Comunicação de todas as idades. Aliás, para qualquer tipo de estudante que se meta a escrever nesses dias em que todo mundo escreve. É de 2009, mas continua atualíssimo.


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"O desatino da rapaziada", Humberto Werneck


E já que falei acima de Mestre Humberto Werneck, recomendo também essa delícia de livro que "dispensa apresentação" pois fala de Drummond, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e outros geniais mineiros que fizeram e ainda fazem a história da imprensa, da literatura e da crônica.

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