sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"1964, verão do golpe", de Roberto Sander


Vai ser lançado na próxima quinta-feira, dia 28, na Travessa. Ainda não li, mas já gostei. Estou desenvolvendo um trabalho com meus alunos sobre o tema. Leiam sinopse, publicada no site da Livraria Saraiva.
"A sensualidade de Brigitte Bardot, a bossa nova de Nara Leão; o balanço de Jorge Ben; o cinema novo de Gláuber Rocha; as primeiras pranchas de fibra de vidro no arpoador; e, pelo mundo, grandes movimentos libertários. Paradoxalmente, nesse contexto de grandes novidades culturais, estava sendo germinado o movimento civil-militar que acabaria com a democracia no Brasil. A partir desse original ponto de vista, no livro "1964 - O verão do Golpe", o jornalista Roberto Sander recria toda a atmosfera dos três meses que antecederam o 31 de março que mudaria a nossa história no século passado. Com uma narrativa ágil e rica em detalhes, fruto de uma pesquisa de cinco anos, o autor transportará o leitor para o dia- a-dia (os capítulos são divididos em semanas) desse momento chave ocorrido há exatos 50 anos. O prefácio é do jornalista Geneton Moraes Neto e a revisão histórica e texto de orelha do cientista político Eduardo Heleno, professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF). "

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"Abusado, o dono do Morro Dona Marta", Caco Barcellos


Imperdível especialmente para estudantes de Jornalismo. Show de texto e de informação. Finalmente estou lendo, com muito atraso, esse tijolaço.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Gracias a la vida. Memórias de um militante", Cid Benjamin


Está sendo lançado. Li os originais e recomendo.

O lançamento é dia 22 de outubro, terça-feira, na Livraria da Travessa do Shopping do Leblon.



sábado, 28 de setembro de 2013

"O melhor do fotojornalismo brasileiro", diversos


Não li nem dei uma espiadinha ainda. Li no Comunique-se.

"Os melhores registros dos Jogos Olímpicos de Londres, o julgamento do mensalão, a Conferência Rio+20, as eleições municipais e tantos outros acontecimentos marcantes que aconteceram no país estão reunidos no livro Melhor do Fotojornalismo Brasileiro, publicação dedicada exclusivamente ao trabalho jornalístico fotográfico. A obra está na quinta edição e é feita pela Editora Europa.
A ideia é mostrar por meio de imagens os principais fatos do ano anterior e homenagear os profissionais que registram em fotos a história contemporânea brasileira. Há imagens tanto de novos talentos quanto de fotógrafos premiados e renomados, como Gilberto Tadday, Jonne Roriz, Luciano Candisani, Lula Marques, Márcia Foletto, Ricardo Nogueira, Sérgio Lima, Tadeu Vilani, Wilton Junior, entre outros.
No total, são cerca de 150 fotos feitas por 81 repórteres de revistas, jornais e agências de notícias. A obra pode ser encontrada nas principais livrarias do Brasil e também pelo site da editora."



sábado, 31 de agosto de 2013

Revista de Jornalismo ESPM/Columbia Journalism Review


Assinei, tenho quase toda a coleção, estou lendo essa edição e recomendo. Para saber mais, clique AQUI.

domingo, 25 de agosto de 2013

"Almanaque Machado de Assis", Luiz Antonio Aguiar


É um livro antigo, de 2008, mas bem atual. Muito importante para começar a entender o "Bruxo do Cosme Velho" Machado de Assis, o maior de todos os escritores. Recomendo.

Para saber mais, clique AQUI.


"1889", Laurentino Gomes


Delícia com certeza. Li os outros dois e recomendo esse mesmo sem ter lido ainda. Já encomendei. Não é bem um livro sobre Jornalismo, mas é escrito por jornalista. E nada melhor do que livros de histórias escritos por jornalistas não afetados pelo academicismo chato.
Leiam o que deu na Folha.

2013
O ano em que o jornalista Laurentino Gomes conclui, com a publicação de '1889', a trilogia de livros de história do Brasil de maior sucesso no país, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos

CASSIANO ELEK MACHADO
DE SÃO PAULO
Como boa parte das fábulas, esta envolve reis e rainhas, príncipes garbosos a cavalo e belas donzelas.

Mas, como nenhuma destas histórias encantadas, esta tem como protagonista um experiente jornalista de Maringá (PR), que se vê tocado pelo condão mágico num estande de um entupido pavilhão do Riocentro, no Rio.

Foi nesse cenário que Laurentino Gomes, 57, viveu seu conto de fada. "Entrei numa livraria na Bienal do Rio e o meu editor disse espantado: o 1808' está vendendo que nem pãozinho quente de manhã na padaria. Observe só."

Gomes plantou os olhos numa pilha enorme de seus livros, no centro da loja. "Uma atrás da outra as pessoas pegavam um exemplar e iam para o caixa."

De pé, naquela livraria Saraiva da Bienal, ele decidiu que largaria seu emprego e se dedicaria a este filão.

A história aconteceu há seis anos --e desde então muitos Maracanãs passaram pelos caixas de todo o país. Os dois primeiros livros de Gomes, "1808" e "1822" (lançado em 2010), superaram recentemente os 1,5 milhão de exemplares vendidos.

Nesta segunda-feira, o jornalista paranaense conclui sua trilogia, que já se configura como o maior fenômeno editorial de livros de história do Brasil. Neste dia ele faz, em São Paulo, o primeiro dos 33 lançamentos do seu novo livro já marcados até o Natal deste ano.

"1889", lançamento da Globo Livros, trata de temas pouco afeitos ao "hit parade" das livrarias: fim da monarquia, abolição da escravatura e começo da República.

Mas a tiragem inicial não faz feio nem para obras de vampiros, romances soft-porns ou histórias de bruxos. Serão 200 mil exemplares, o dobro da primeira fornada de "Harry Potter 3" e mais de seis vezes o número de largada de outra obra bem-sucedida recente sobre a história do Brasil, a biografia "Getúlio", de Lira Neto.

Mais do que o tema perfeito, Laurentino Gomes parece ter encontrado o tom adequado para abordá-lo.

"Obras como 1808' não trazem nada de novo. Mas Laurentino achou uma maneira muito atraente de apresentar esses episódios da história para o grande público", opina um dos principais historiadores do país, José Murilo de Carvalho.

"Consolido a bibliografia sobre estes episódios históricos numa visão jornalística, para o leitor não especializado no tema", corrobora Laurentino Gomes.

No terceiro livro, ele lança mão mais uma vez (e garante que será a última) de uma de suas armas secretas: a fórmula de usar como título um ano emblemático da história do país, que aparece em letras enormes na capa, e um subtítulo longo e bem-humorado que resume os principais fatos a serem descritos.

O subtítulo de "1889" é: "Como um Imperador Cansado, um Marechal Vaidoso e um Professor Injustiçado Contribuíram para o Fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil".

Os personagens (por ordem de aparição) são d. Pedro 2º, marechal Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant. Tal como nos best-sellers anteriores, Gomes colore a trajetória deles com um farto repertório de histórias pitorescas (veja abaixo).

Algumas são puros gracejos, mas outras revelam características centrais da história política nacional.

Numa carta a um sobrinho, escrita um ano antes que ele liderasse a derrubada do império, o grande herói republicano, o alagoano Deodoro da Fonseca, dizia o seguinte: "República no Brasil é coisa impossível, porque será uma verdadeira desgraça. O único sustentáculo do nosso Brasil é a monarquia".

MUSA DA REPÚBLICA

Gomes diz que mesmo quando liderou o grupo de militares que depuseram o governo de d. Pedro 2º, no 15 de novembro de 1889, Deodoro, primeiro presidente do país, ainda não tinha clareza se era a favor da República.

"Como outros episódios decisivos de nossa história, este envolveu uma mulher", brinca o autor.

Anos antes, Deodoro havia se encantado pela donzela gaúcha Maria Adelaide Andrade Neves, a baronesa do Triunfo. Mas ela preferiu os atributos de Gaspar Silveira Martins, político que virou inimigo do militar.

"Deodoro só optou pela República na madrugada do dia 16, quando ele soube que d. Pedro havia chamado Silveira Martins para substituir o ministro recém-deposto", diz.

Como sublinha enfaticamente em seu livro, a República brasileira foi anunciada com status de um regime "provisório".

E o primeiro governo, também provisório, foi decidido no Instituto dos Meninos Cegos, instituição no Rio que era presidida pelo professor Benjamin Constant.

"As manifestações recentes no país estão ligadas a isso. Quando foi criada a República não se discutiu as regras do jogo republicano. Isso só começou a ser feito há um par de décadas", afirma Gomes.

A TRILOGIA

'1808 - Como uma Rainha Louca, um Príncipe Medroso e uma Corte Corrupta Enganaram Napoleão e Mudaram a História de Portugal e do Brasil' (2007)
Editora Planeta
Prêmios Jabuti de Livro Reportagem e Jabuti de Livro do Ano 2008; Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras
Vendas mais de 1 milhão de exemplares

'1822 - Como um Homem Sábio, uma Princesa Triste e um Escocês Louco por Dinheiro Ajudaram D. Pedro a Criar o Brasil -- um País Que Tinha Tudo para Dar Errado' (2010)
Editora Nova Fronteira
Prêmios Jabuti de Livro do Ano 2011
Vendas 527 mil exemplares

'1889 - Como um Imperador Cansado, um Marechal Vaidoso e um Professor Injustiçado Contribuíram para o Fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil'
Editora Globo Livros
Quanto R$ 44,90 (416 págs.) e R$ 26,91 (e-book)
Lançamento segunda, às 18h30, na Livraria Cultura (av. Paulista, 2073, tel. 0/xx/11/3170-4033)


domingo, 11 de agosto de 2013

"Não conta lá em casa - Uma viagem pelos destinos mais polêmicos do mundo", André Fran


Li hoje matéria sobre este livro na "Ilustrada" da Folha (abaixo). Vale a pena conferir.

Apresentador narra bastidores de programa
Jornalista do 'Não Conta Lá em Casa' (Multishow) descreve experiências vividas nas viagens feitas para a atração
 Livro no estilo de diário de viagem traz visão pessoal de André Fran sobre 13 países que visitou a partir de 2009

GISLAINE GUTIERRE
DE SÃO PAULO

O jornalista André Fran, 36, já sentiu na pele o risco de morte no Iraque, sofreu uma forte intoxicação alimentar no Djibuti e se engajou em um trabalho humanitário no Japão devastado pelo terremoto.

Essas e outras aventuras foram vividas nas gravações feitas para o programa que ele mais três amigos apresentaram durante cinco temporadas no Multishow e que deve voltar ao ar em outubro, o "Não Conta Lá em Casa".

Mas Fran sentiu que tinha mais para contar sobre o que viveu nessa empreitada e agora lança, pela Record, o livro "Não Conta Lá em Casa -- Uma Viagem Pelos Destinos Mais Polêmicos do Mundo"

Nele, relembra as passagens do quarteto por 13 países, entre os quais a Coreia do Norte, onde ficaram o tempo todo escoltados por guias do governo, Tuvalu, ilha que pode ser engolida pelo aumento do nível do mar, e Etiópia, onde, ao acaso, entraram no meio de uma sessão de exorcismo.

"Fomos a mais ou menos 25 países, mas se formos contar as escalas, são mais de 40", diz Fran, que há cinco anos viaja pelo "Não Conta Lá em Casa". "O livro não é uma narração oficial do programa, mas uma obra pessoal, com as minhas visões."

O texto é despojado e se assemelha ao de um diário de viagem. É verdade que a narrativa às vezes peca pelo excesso de adjetivos, de advérbios de modo, e por algumas imprecisões ("casinhas humildes") nas descrições, mas traz informações interessantes, que Fran conta como se estivesse em uma conversa entre amigos, com direito até a piadinhas.

AMIGOS

Nesse sentido, não se distancia muito do programa de TV, que mostra quatro amigos de infância, companheiros de praia --Fran, Bruno Pesca, Felipe UFO e Leondre Campos-- que viajam pelo mundo e tomam o ponto de vista de pessoas comuns como base para compreender a realidade de cada país. A intenção não é fazer um documentário tradicional e formal.

O "Não Conta Lá em Casa" vai ganhar a sexta temporada, não mais com a mesma formação. Pesca e Leondre migraram para o Canal OFF e, no lugar deles, entrou Michel, que já trabalhava na edição do "Não Conta". "O programa vai mudar um pouco, vai mostrar a gente atuando mais na realidade dos locais que visitamos", diz Fran.

Os próximos destinos, para os quais embarcam nesta semana, são Israel e Palestina. Para Fran, isso significa mais uma oportunidade de "mudar o mundo", sua maior ambição, sobre a qual fala na introdução do livro --e que soa um tanto romântica.

Mas Fran, que já se chocou ao ver ossos humanos em entulhos um ano depois do terremoto no Haiti, e que bateu em retirada do Iraque em cinco dias --o mais rápido que pode-- porque diz que a realidade era bem mais cruel do que a mostrada pela propaganda do governo americano ("me senti enganado"), vai continuar insistindo no que considera sua missão.

"Acho que se nós fizemos algo, todo mundo pode fazer", diz.

NÃO CONTA LÁ EM CASA
AUTOR André Fran
EDITORA Record

QUANTO R$ 49,90 (308 págs.)

Para saber mais, clique AQUI.

sábado, 3 de agosto de 2013

sexta-feira, 19 de julho de 2013

"Cypherpunks, liberdade e o futuro da internet", Julian Assange e outros


Finalmente estou lendo. Para quem quer saber mais sobre o WikiLeaks.

Resumo publicado no site da Travessa:

“Este livro não é um manifesto. Não há tempo para isso. Este livro é um alerta.” Julian Assange, na introdução de Cypherpunks.

Cypherpunks – liberdade e o futuro da internet é o primeiro livro de Julian Assange, editor chefe e visionário por trás do Wikileaks, a ser publicado no Brasil com o selo da Boitempo. O livro é resultado de reflexões de Assange com um grupo de pensadores rebeldes e ativistas que atuam nas linhas de frente da batalha em defesa do ciberespaço (Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jérémie Zimmermann). Apesar de a internet ter possibilitado verdadeiras revoluções no mundo todo, Assange prevê uma grande onda de repressão, a ponto de considerar a internet como uma possível ameaça à civilização humana devido à transferência do poder de populações inteiras a um complexo de agências de espionagem e seus aliados corporativos transnacionais, que não precisarão prestar contas pelos seus atos. O livro reflete sobre a vigilância em massa, censura e liberdade, mas o principal tema é o movimento cypherpunk, que defendem a utilização da criptografia e métodos similares como meios para provocar mudanças sociais e políticas. Fundado no início dos anos 1990, o movimento atingiu o auge de suas atividades durante as “criptoguerras” e após a censura da Internet em 2011 na Primavera Árabe. Desde junho deste ano, quando conseguiu asilo político na Embaixada do Equador em Londres temendo um revés diplomático que o entregasse às autoridades norte-americanas, Assange tem se dedicado a promover debates sobre a sociedade contemporânea com grandes intelectuais de todo o mundo e foi dentro deste contexto que escreveu Cypherpunks."

Para saber preços etc, clique AQUI.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sobre fan fictions, livros digitais, direito dos autores etc

Imagem meramente ilustrativa

Muito interessante esta matéria publicada na Folha de S. Paulo de hoje. Não é sobre livros de Jornalismo, mas é uma boa reflexão sobre livros. Leia abaixo.

Quem é o autor?
Sai o fetiche do livro: escritores e editores viram produtores que exploramhistórias em várias plataformas e as multiplicam em obras coletivas
RAQUEL COZERCOLUNISTA DA FOLHA
Alguma coisa está muito fora do padrão quando a maior livraria on-line do mundo abraça uma causa que há mais de uma década cresce às margens do mercado e à revelia de alguns de seus autores mais vendidos.

Isso aconteceu duas semanas atrás, quando a Amazon estreou a plataforma Kindle Words, pela qual fãs que gostam de criar histórias baseadas em best-sellers --a chamada "fan fiction", que reaproveita cenários e personagens de outros escritores-- podem não só fazer isso legalmente como vender suas criações.

Para criar a plataforma, a Amazon obteve licenças de séries como "Gossip Girl", de Cecily Von Ziegesar, e "Pretty Little Liars", de Sara Shepard. Com isso, tramas que chegavam a ser vistas como plágio agora podem render frutos ao fã, ao escritor que o inspirou e, é claro, à livraria.

Nesse cenário, o autor da história original deixa de ganhar especificamente pela venda de livros e sua obra vira uma marca, licenciada e multiplicada pelas mãos de vários outros escritores.

Esse é o recorte de um momento que o editor americano Richard Nash retrata no provocativo ensaio "Qual o negócio da literatura?", no mais recente número da "Serrote", revista do Instituto Moreira Salles, que será lançado em São Paulo neste domingo.

É um cenário em que autor e editor vão além dos livros para virar produtores de cultura. "A cultura do livro não é fetichismo com o texto impresso; é o movimento da ideia e do estilo na expressão de histórias", escreve Nash.

O texto põe em cheque o direito autoral --justo o que hoje garante a sobrevivência do mercado. Defende que esse direito não foi criado para proteger o autor, mas "nasceu de um interesse meramente corporativo".

O editor explica à Folha: "Uma parcela mínima de escritores faz dinheiro. O direito autoral existe para facilitar ao editor o retorno sobre seu investimento e impedir cópias do seu produto."

Isso num mundo analógico. No digital, defende Nash, "a receita não virá de fazer cópias, virá de serviços, palestras, produtos associados. São formas de gerar receita que independem do faturamento com vendas de livros."

Nesse contexto, entram iniciativas como a plataforma de "fan fiction" da Amazon, festivais literários como a Flip e romances colaborativos como "The Silent History", um aplicativo lançado há pouco no iTunes e que permite aos leitores expandir a história.

Nash, que ganhou em 2005 um prêmio de de criatividade da Associação de Editores Americanos pela editora independente Soft Skull, criou em 2011 um site que explora essas alternativas no que diz respeito ao mercado.

Com 10 mil títulos à venda, o Small Demons é uma enciclopédia de referências literárias: você acha desde uma lista de livros que abordam Bob Dylan até todos os famosos citados em "Infinite Jest", de David Foster Wallace.

FORA DA CURVA
No que diz respeito ao autor, o engenheiro de software brasileiro Silvio Meira enxerga ainda mais possibilidades.

Autor de palestra que, no Congresso do Livro Digital, em junho, lhe rendeu uma emboscada de bibliotecários (insatisfeitos com seu questionamento sobre a importância de bibliotecas físicas no futuro), Meira diz que o escritor já vive cenário multifacetado.

"Conheço dezenas de escritores, mas não conheço nenhum que viva dos livros que escreve. Alguns são colunistas, outros fazem roteiros, outros atuam em editoras", diz.
Apesar disso, no centro de tudo está o livro. "Se alguém pirateia meu livro e o lê inteiro, posso acreditar que estará interessado o suficiente para ir a alguma palestra que eu vá ministrar", exemplifica.

Para ele, os direitos autorais serão vistos no futuro como um ponto fora da curva na história da literatura.

"O autor foi criado pela prensa. Antes de Gutenberg, não existia copyright. As histórias pertenciam às comunidades. Vemos agora uma volta ao coletivo, com mixagem, apropriação de textos. O conceito de autor fica difuso".

É uma visão que editores de grandes casas ainda entendem como algo distante.

CONFIANÇA
"O livro digital ainda está na margem de 2% a 2,5% no faturamento de editoras no Brasil. Pode ser que aconteçam mudanças radicais envolvendo direitos autorais, mas só quando esse mercado for suficientemente grande", diz Pascoal Soto, da LeYa.

Tomas Pereira, da Sextante, estranha a visão de que o direito autoral interesse mais às editoras que aos autores. "Nossa atividade nasce da confiança do autor. O que pagamos a ele representa nosso maior custo de produção."

Ele concorda que quase nenhum autor vive da venda de livros, mas não vê nisso justificativa para o abandono do valor que o leitor se dispõe a pagar pelo livro. Saber por quanto tempo, no modelo que se impõe, haverá disposição para pagar por algo que se pode ter de graça, como lembra Nash, é o mistério.

'O direito de proibir cópias perdeu a importância'
DA COLUNISTA DA FOLHA
Leia trechos da entrevista com Richard Nash, autor do ensaio "Qual o negócio da literatura", na "Serrote".
(RC)
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Folha -- O sr. escreve que o mercado editorial é "um sistema que produz boa literatura apesar de si mesmo". Pode explicar essa ideia?
Richard Nash -- Nós [editores] estamos tão propensos a ignorar a boa literatura como a encontrá-la. A verdade é que ninguém jamais foi consistentemente capaz de "descobrir" a grandeza, nem sequer a comercial, assim como quem aposta em corridas de cavalo não é tão bom no que faz. Isso em parte porque a grandeza não é só intrínseca à obra, é também contextual, tem a ver com o momento.
O sistema editorial será melhor quando se focar na produção de cultura, em oposição à descoberta de arte.

Acredita que direitos autorais se tornem algo ultrapassado?
Um estudo recente indicou que a indústria editorial na Alemanha do século 19 era mais robusta sem copyright do que a inglesa com copyright. Direitos autorais existem para facilitar aos editores, num mundo analógico, ter retorno sobre seu investimento e impedir concorrentes de copiar seu produto.
Em retrospecto, eles provavelmente não eram necessários na era analógica e certamente não são viáveis agora. A receita não virá de fazer cópias de coisas. Virá de serviços, palestras, produtos associados. São formas mais sofisticadas de gerar receita a partir de ideias e histórias.

E como ficaria o autor?
À medida que o direito de proibir cópias (o copyright) se torna menos importante, o de ser identificado como autor do trabalho ganha força.

O direito de marcas suplanta os direitos autorais como apoio legal para a economia da escrita. É o que pode me impedir de fingir ser Malcolm Gladwell e ganhar US$ 50 mil para falar a um grupo que tenha gostado do livro "Blink".

Se sua marca é forte, você pode licenciá-la sob termos restritivos a outros, como a Amazon fez agora com sua plafatorma de "fan fiction", com autores autorizando histórias baseadas nas suas.

E essa criação se torna parte de um grande fluxo remixável na sociedade. Queremos todos a camiseta do artilheiro. Isso ele controla, mas todos tentam copiar a forma como o gol foi marcado.

Agora, mesmo sem copyright, muitos preferem o vendedor autorizado. Nos EUA, a moda é manter a etiqueta da loja no boné de beisebol. Autores como E.L. James sempre surgirão, como memes. É um "Gagnam Style" [música pop sul-coreana que virou mania] do mundo literário, livros comprados simplesmente porque todos estão comprando.


terça-feira, 9 de julho de 2013

"Guerras e tormentas - Diário de um correspondente internacional", Rodrigo Lopes


Taí. Parece interessante. Gosto do assunto. Encomendei. E leiam o artigo de Carlos Alberto Di Franco publicado hoje na íntegra pelo Estadão e resumido pelo Globo.

"Prendo a respiração, tento puxar o ar pela boca, mas o cheiro dos cadáveres em decomposição invade todos os meus sentidos. Volto alguns passos, penso em não olhar. Mas, como jornalista, sinto o dever de escancarar a realidade crua. Na escola, há pelo menos dez corpos insepultos, na quadra de futebol, ao sol. Pobreza, porcos misturados a pães, arroz e bananas e trânsito confuso sempre fizeram parte do dia a dia dos haitianos. Até o cheiro forte da comida temperada e exótica é antigo conhecido dos brasileiros. A diferença, agora, é que tudo isso está misturado ao cheiro de morte. Assim é o Haiti. Homens e mulheres que podem sofrer tragédias violentas uma ou duas vezes, ou até três - e depois sofrer ainda mais."

O relato em primeira pessoa do jornalista Rodrigo Lopes, repórter multimídia e correspondente internacional do Grupo RBS, mostra a garra da reportagem de qualidade. A adrenalina da guerra, o infindável sofrimento de povos castigados pela força misteriosa da natureza, o registro de momentos de admirável grandeza moral, um impressionante mosaico do drama humano, batem forte no leitor. O texto está despido de sensacionalismo, mas carregado de paixão. E o que seria do jornalismo se faltasse o fascínio do repórter por seu ofício? Rodrigo Lopes, um jornalista jovem e tarimbado, não é um espectador neutro da história. Ainda bem. Derramou lágrimas. Manifestou indignação. Vibrou com fagulhas da vida humana. Guerras e Tormentas (BesouroBox Edições) é um mergulho do repórter nos principais acontecimentos deste início de século. Vale a pena.

"23h do dia 5 de abril, uma terça-feira. Sentado no chão gelado de paralelepípedos da Via della Conciliazione, sinto-me como uma ilha, cercada de gente por todos os lados. Para onde olho, há pessoas chorando, rezando, cantando." A multidão passa diante do corpo do papa. "São 5h48m. Um arrepio percorre o meu braço direito. Estático a dois metros de João Paulo II, é como se o tempo parasse. Os fiéis passam por mim. Prendo o passo, ando devagar, para que o guarda não perceba que quero ficar mais tempo. Ganho uns 15 segundos extras. Mas não é mais possível ficar. Um segurança se aproxima e interrompe meu êxtase. Proibido celular - ele diz. Os 10 minutos mais emocionantes da minha vida se encerram em duas frases, ao vivo para o sul do Brasil: Tenho que desligar a pedido de um segurança. Voltamos a qualquer momento... Sigo caminhando, à direita do caixão. Tempo apenas para uma foto. Ao sair da basílica, o azul matutino do céu de Roma se abre na praça. Meu telefone toca: Seu f.d.p, me fez chorar! Do outro lado da linha, Luciano Wilson, meu amigo de infância, o Jesus das encenações da via-sacra do nosso bairro, nos tempos do grupo de jovens da igreja."

Luciano representa a cabeça do leitor médio. Ninguém resiste à magia da reportagem. Os jornais, prisioneiros das regras ditadas pelo marketing, estão parecidos, previsíveis e, consequentemente, chatos. Precisam, com urgência, recuperar a capacidade de surpreender e emocionar o leitor.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas das empresas de comunicação. É preciso seduzir o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório. Menos Brasília e mais vida. Menos aspas e mais apuração. Menos frivolidade e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo-astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora. Mas é preciso reservar espaço para a boa notícia, para o empreendedorismo, para a inovação. Tem muita coisa interessante acontecendo. A boa notícia existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas.

Precisamos, enfim, combater a síndrome ideológica que ainda persiste em alguns guetos anacrônicos. Seu exemplo mais acabado é a patologia dos rótulos. Alguns jornalistas não perceberam que o mundo mudou. Insistem, teimosamente, em reduzir a vida à pobreza de quatro qualificativos: direita, esquerda, conservador, progressista. Tais epítetos, estrategicamente pendurados, têm dupla finalidade: exaltar ou afundar, gerar simpatias exemplares ou antipatias gratuitas. A boa reportagem é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta de apuração. É, frequentemente, uma mentira.

A apuração de faz de conta representa uma das maiores agressões ao leitor. Matérias previamente decididas em redutos sectários buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não se apoia na busca da verdade. É um artifício para validar a premissa que se quer impor. O pluralismo de fachada, hermético e dogmático, convoca pretensos especialistas para declarar o que o repórter quer ouvir. Mata-se a reportagem. Cria-se a versão.

É importante que os repórteres e os responsáveis pelas redações tomem consciência desta verdade redonda: a imparcialidade (que não é neutralidade) é o melhor investimento. O leitor quer informação clara, corajosa, bem apurada. Não devemos sucumbir à tentação do protagonismo. Não somos construtores de verdades. Nosso ofício, humilde e grandioso, é o de iluminar a história.

Inúmeras foram as reflexões suscitadas pelo excelente texto do repórter Rodrigo Lopes. O leitor, em qualquer plataforma, evita os produto sem alma. Recusa as tentativas de engajamento ideológico. Quer matérias interessantes, pautas próprias. Quer menos burocracia e mais criatividade. Quer menos jornalismo de registro e mais reportagem de qualidade. Quer um jornalismo rigoroso, mas produzido com paixão.

Carlos Alberto di Franco é doutor em comunicação pela Universidade de Navarra e diretor do departamento de comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais.

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

"Como aprendi o português, e outras aventuras", Paulo Rónai


Interessante. Vejam a matéria que saiu hoje no Segundo Caderno do Globo.

Para ler é só passar a mãozinha na imagem

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quarta-feira, 3 de julho de 2013

"O pai dos burros - dicionário de lugares-comuns e frases feitas", Humberto Werneck

Delícia de pequeno dicionário. Essencial para jornalistas, publicitários, rps e estudantes de Comunicação de todas as idades. Aliás, para qualquer tipo de estudante que se meta a escrever nesses dias em que todo mundo escreve. É de 2009, mas continua atualíssimo.


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"O desatino da rapaziada", Humberto Werneck


E já que falei acima de Mestre Humberto Werneck, recomendo também essa delícia de livro que "dispensa apresentação" pois fala de Drummond, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e outros geniais mineiros que fizeram e ainda fazem a história da imprensa, da literatura e da crônica.

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sábado, 22 de junho de 2013

"O lavrador de Ipanema", Rubem Braga

Se é Rubem Braga é bom. Acabo de ler um anúncio na Folha que a Editora Record publicou um livro "novo" de crônicas do saudoso e genial Rubem Braga. Claro que recomendo. E vou encomendar.


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"A cozinha venenosa, um jornal contra Hitler", Silvia Bittencourt

Deu hoje na Folha de S. Paulo. Interessante. Vale conferir. Vou encomendar.





Os inimigos de Hitler
Livro conta pela primeira vez história do jornal 'Münchener Post', maior oponente do nazista na imprensa alemã
CASSIANO ELEK MACHADODE SÃO PAULO

De todos os bilhões de folhas de papel jornal gastas ao longo da história para tratar de Adolf Hitler, as primeiríssimas saíram da gráfica de um jornalzinho chamado "Münchener Post".

Numa sexta-feira de maio de 1920, uma nota da seção "Assuntos de Munique" registrava: "Uma espécie de partido, que ainda anda de fraldas e aparenta ter saúde bem fraca, vem aparecendo às vezes em público, sob o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães'. Na terça-feira à noite, um senhor chamado Hitler falou sobre o programa desse partido'".

A reportagem informava que o tal senhor "pregou o antissemitismo nos moldes nacionalistas".

Mais do que pioneiro em farejar que era preciso ficar de olho no rapaz de bigode curto e fala inflamada, o "Post" converteu-se logo em seu mais encarniçado inimigo na imprensa alemã.

Num livro importante sobre o fenômeno nazista, "Para Entender Hitler" (Record, 2002), o jornalista norte-americano Ron Rosenbaum opina: "A batalha travada entre Hitler e os corajosos repórteres do Post' é um dos grandes dramas nunca relatados da história do jornalismo".

Uma jornalista brasileira radicada na Alemanha desde 1991 resolveu a questão. Em "A Cozinha Venenosa - Um Jornal Contra Hitler", livro que acaba de ser lançado aqui, Silvia Bittencourt, 49, conta pela primeira vez a história.

Fruto de três anos de trabalho, o volume, lançado pela editora Três Estrelas (do Grupo Folha), conta em minúcias as batalhas, que transcenderam as palavras, entre o diário e os nazistas.

Segundo Bittencourt, e a julgar pelo que relata Rosenbaum, não há nem na Alemanha livros sobre o "Post".

"Aqui ninguém conhece o Münchener Post', nem mesmo os políticos sociais-democratas atuais", diz a autora, em referência ao partido político alemão que criou o jornal, no final dos anos 1880.

ASCENSÃO
A pesquisa de Bittencourt se desenvolveu em especial em arquivos e bibliotecas de Munique, cidade na qual o austríaco Adolf (1889-1945) se estabeleceu em 1913.
Depois de ter lutado na Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, o até então artista frustrado encontra nos fundos de uma cervejaria no centro da cidade, em 1919, uma reunião de um pequeno partido trabalhador, onde começaria sua trajetória.

"De um desocupado, sem formação ou profissão alguma, Hitler se tornou, em poucos meses, uma estrela em Munique", diz Bittencourt.

Ao contar a trajetória do "Münchener Post", ela narra em detalhes a ascensão de Hitler e do partido, que saltou dos 200 filiados do final de 1919 aos 4 milhões de membros em 30 de janeiro de 1933, quando Hitler foi nomeado chanceler alemão.

O "Post" não duraria então mais do que 40 dias. Embora já tivesse sobrevivido a incontáveis atentados nazistas, o de 9 de março foi o final.

"Destroçaram os equipamentos de produção do jornal, como os linotipos. Colocaram barras de ferro nas engrenagens das prensas rotativas, a fim de impedir que elas voltassem a ser usadas, e lançaram os grandes barris de tinta de impressão sobre as calçadas", relata a autora.

O pequeno grupo de jornalistas que produzia o diário, que à época tinha dez páginas diárias e modestos 15 mil exemplares, não estava na Redação. Quase todos escaparam, um deles cruzando os Alpes a pé. Outros não tiveram a mesma sorte.

O editor de cultura, Julius Zerfass, foi um dos primeiros encarcerados no campo de concentração de Dachau, do qual seria solto no fim do ano.

"A Cozinha Venenosa", título do livro, era a maneira pela qual Hitler se referia ao jornal. No glossário do ditador, "veneno" era um termo usado para o mais abominável.
O jornal retribuía chamando o nazista de "arremessador piolhento de lama" ou classificando seu partido, já em 1923, como "o bacilo venenoso mais perigoso que o corpo do povo vem carregando consigo". Como diz Rosenbaum, se houve alguém na história que pode dizer "eu avisei" foram os repórteres do "Post", primeiros "a tentar alertar o mundo para a natureza da besta feroz que rastejava em direção a Berlim".

CRÍTICA - HISTÓRIA
Obra é biografia de um 'Post' suicida e visionário
Em 'A Cozinha Venenosa', Silvia Bittencourt revela a trajetória heroica do jornal alemão que tentou destruir Hitler
LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHODA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O "Münchener Post" descobriu em 1920 "um senhor chamado Hitler". Desde então, até desaparecer, cinco meses depois da ascensão do Führer, em 1933, o jornal participaria de um enfrentamento suicida e visionário.

O livro de Silvia Bittencourt é o primeiro a contar uma história heroica e surpreendente. Tem como cenário a deterioração econômica, partidos de direita e esquerda organizando milícias, o poder público debilitado, a escalada da violência.

Por que o "Münchener Post" ficou tanto tempo esquecido? Ron Rosenbaum, ao registrar em 1998 esta lacuna na história do jornalismo, lembra ser mais reconfortante para a autoestima alemã acreditar que ninguém realmente sabia quem era Hitler até ele assumir o poder.
O "Post" sabia. Criado pela social-democracia alemã, com mais de meio século de militância, o jornal tentou abater Hitler no nascedouro.

É uma coleção dramática de episódios até a destruição total das suas instalações: confrontos verbais, agressões físicas, ameaças, pequenos atentados, censura, interdições, processos, invasões, empastelamentos.

A partir da aparição nas cervejarias de Munique, o jornal atacou Hitler por todos os lados. Ridicularizou seu estilo. Investigou seu jeito de viver. Cuidou do seu guarda-costas, das suas roupas. Denunciou crimes e a matança de adversários.

No apêndice do livro, onde estão traduzidos seis artigos originais do jornal, é possível ler, por exemplo, o texto no qual o "Post" antecipou a "solução final da questão judaica", em 1931.

O título, "A Cozinha Venenosa", é uma das maledicências de Hitler dirigidas ao jornal, "judeu e marxista".

"Münchener Pest", esbravejavam os nazistas, tratados como criminosos,e não agentes políticos, por jornalistas destemidos como Martin Gruber e Edmund Goldschagg.

Se a tiragem do jornal era modesta (15 mil exemplares em 1932), seu engajamento partidário (alguns de seus colaboradores seriam personagens importantes do jogo político: Kurt Eisner, após proclamar a República da Baviera e ser seu chanceler, foi assassinado em 1919, horas antes de o futuro editor Erhard Auer sofrer um atentado) tornaria o conflito mais intenso.

Silvia Bittencourt vasculhou arquivos alemães e mostra a desenvoltura de Hitler em busca do poder, usufruindo da desintegração institucional do país, da inanição da polícia e dos tribunais.

Soaria estranha hoje a exploração sensacionalista do suicídio da sobrinha de Hitler pelo jornal.

Contra um princípio programático do próprio partido, pela descriminalização da homossexualidade, o "Post" divulgaria intrigas e chantagens em torno do comportamento de Ernst Röhm, comandante do exército privado de Hitler: o nacional-socialismo era "um depósito de doentes e homossexuais" prestes a vencer.

Hitler era tangível e vulnerável, acreditava o "Münchener Post". Para destruí-lo, valia tudo.

A COZINHA VENENOSA - UM JORNAL CONTRA HITLER
AUTORA
 Silvia Bittencourt
EDITORA
 Três Estrelas
QUANTO
 R$ 49,90 (374 págs.)
AVALIAÇÃO
 ótimo

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Abaixo a Ditadura", José Dirceu e Vladimir Palmeira


Não é um livro sobre Jornalismo. Mas tem tudo a ver. Especialmente nesses tempos de manifestações de estudantes (junho de 2013). Sem mais delongas. E Vladimir Palmeira é hoje professor e meu companheiro de Faculdade.

Para saber mais, clique AQUI.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Livros da Eliane Brum são verdadeiras aulas de Jornalismo


Especialmente para meus alunos e ex-alunos. Acabo de ler o delicioso "A vida que ninguém vê", de Eliane Brum, uma das melhores repórteres do Brasil (se não for a melhor, incluindo aí os homens). Esse livro é antigo, de 2006, mas só agora consegui ler. Li também "O olho da rua".


Aulas de jornalismo na veia.

Curioso que na página 190 deo "A vida que ninguém vê", ela escreve: "(...) tenho a pretensão de que este livro seja lido nas faculdades de Jornalismo (com J caixa alta". Esse vai ser; o "Olho da rua" foi lido para os meus alunos há alguns dias. Alguns trechos, claro. Na página 195, Eliana diz que teve um Mestre (de verdade, não de "papel passado") na faculdade, Marques Leonam (seu parente, Mestre Carlos Leonam?). O cara dizia pra ela: "Lei Leonam número um: repórter não tem o direito de ser ingênuo.Lei Leonam número dois: repórter não tem o direito de ser ingênuo".

Caracolis! Este humilde jornalista e prof que escreve estas mal traçadas diz isso há anos. Tomara que algum ex-aluno aqui se lembre disso. E olha que estou muito longe de ser o Eliane Brum de calça comprida. No posfácio outro Mestre de verdade, Ricardo Kotscho, escreve sobre Eliane: "Escalada para cobrir a inauguração do primeiro Mc Donald´s de Porto Alegre (...) Eliane encontrou o primeiro filão que a diferenciaria dos outros repórteres. Em vez de fazer o registro burocrático habitual, ela puxou conversa com os aposentados que frequentavam a praça (...). Eliana procurava fugir da vala comum da pauta, cavando sua própria história".

Muitas vezes meus alunos me perguntam: "O que é um bom repórter?", "O que é um bom texto?". É Eliane Brum. Como no exemplo da página abaixo.


Tem outro livro da Eliane que não li e que não consigo encontrar, "Coluna Prestes, o avesso da lenda" (esgotado).


E outro que vai sair agora no final do mês de junho (escrevo em 19 de junho de 2013) e que já encomendei pela internet, "A menina quebrada".




segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Coluna Prestes, o avesso da lenda", Eliane Brum

Sou fã do trabalho da Eliane Brum. Li "O olho da rua" (e destaco para os meus alunos em minhas aulas), estou lendo "A vida que ninguém vê" e encomendei "A menina quebrada", que vai ser lançado no final de junho. Esse "Coluna Prestes, o avesso da lenda" é mais antigo, está esgotado e não encontro em lugar algum. Se alguém tive alguma dica de como adquirir esse livro, agradeço. Não li, mas recomendo. Pelo bom texto da Eliane. Mas pelo que apurei, é um livro polêmico. Talvez por isso esteja sumido? Mas este Blog é imparcial. Será?


domingo, 16 de junho de 2013

"Os novos escribas", Solano Nascimento. Jornalismo Investigativo ou Jornalismo sobre investigações?


Comecei a ler e estou gostando. E ganhou Prêmio Esso. Não é pouca coisa. Leia sinopse abaixo (publicada no site da Livraria da Travessa):

“´Há uma grande diferença entre descobrir uma irregularidade e descobrir que alguém descobriu uma irregularidade`”, avisa Solano Nascimento na frase de abertura deste livro provocador. Ele está se referindo a uma transformação silenciosa – e maléfica – que ocorre no jornalismo dito investigativo no Brasil: não é mais o próprio repórter que desvenda as maracutaias e falcatruas, mas autoridades que têm a obrigação de fazer isso, como policiais, promotores, procuradores e outros agentes de órgãos de fiscalização. Ao jornalista cabe apenas ter acesso àquela fita, ao tal dossiê, ao vídeo comprometedor.

Para detectar essa tendência, o autor observou a cobertura jornalística dos escândalos políticos nas três principais revistas semanais do país – Veja, IstoÉ e Época – em todos os anos em que houve disputa presidencial desde a redemocratização, da eleição de Fernando Collor de Mello, em 1989, à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.


Com apuro científico e analítico, Solano Nascimento demonstra que a transformação do “jornalismo investigativo” no que ele chama de “jornalismo sobre investigações” é uma realidade incômoda. Ao abrir mão de investigar por si mesmo, o jornalista fica mais vulnerável ao risco de ser usado pela fonte que passa a informação e pode perder o controle sobre o próprio trabalho. Em outras palavras, o repórter deixa de ser um autor para se tornar um escriba, aquele que resigna a reproduzir a obra dos outros – o que é ruim para a imprensa, e terrível para a sociedade."

Para saber mais, clique AQUI.