Um ex-aluno meu já havia me falado sobre este livro. O caderno "Ilustrada" da Folha de hoje publica a resenha abaixo.
Jornalista narra mistérios da vida real
Colecionador de obsessões, David Grann, repórter da "New Yorker", lança o livro "O Diabo e Sherlock Holmes"Reportagens sobre assassinatos e loucura foram escritas nos últimos dez anos; muitas ainda não têm solução
MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
As histórias do livro "O Diabo e Sherlock Holmes" são tão estranhas que mais parecem criações de Conan Doyle (1859-1930), "pai" do famoso detetive.
Em uma delas, por exemplo, um francês de 30 anos, mestre do disfarce, se passa por adolescentes órfãos de várias nacionalidades para ter "amor e uma família".
No relato que dá título ao livro, o maior especialista em Sherlock Holmes do mundo morre misteriosamente cercado por livros e pôsteres do personagem.
Contudo, os dois casos acima, e os outros dez que compõem o título, por mais inverossímeis que sejam, são todos reais.
Consumiram meses de investigação, várias viagens e muita sola do sapato de David Grann, repórter da revista "New Yorker".
Grann, pode-se dizer, é um colecionador de obsessões. Seu livro anterior, "Z - A Cidade Perdida" (2009), tratava do desaparecimento, ainda hoje não totalmente desvendado, do explorador britânico Percy Fawcett na Amazônia brasileira, em 1925.
Fawcett embrenhou-se na floresta convencido de que encontraria uma suposta civilização perdida.
Os tipos que aparecem nas reportagens do novo livro de Grann têm aspirações menos ambiciosas, mas, quase sempre, igualmente inatingíveis.
"Quase todas as histórias começam a partir de uma nota breve publicada em algum jornal ou da dica de um amigo. Leio vários jornais por dia e mantenho um caderno cheio dessas ideias potenciais", explicou Grann, por e-mail, à Folha.
Algumas delas já levaram o jornalista a aventuras das mais inusitadas. Numa das reportagens, ele acompanhou um biólogo, outro tipo da galeria dos obsessivos, na caça a uma lula-gigante, que pode atingir até 14 metros de comprimento.
Na introdução do livro, Grann descreve que uma reportagem, assim como o trabalho de um detetive, "é um processo de eliminação". A comparação não é gratuita.
Fã de literatura policial, ele colocou, antes de cada uma das três partes de seu livro, frases tiradas das histórias de Sherlock Holmes.
Há, porém, uma diferença significativa. Na ficção, não havia mistério que o genial detetive não pudesse desvendar. Já na vida real, em geral estamos tão perdidos quanto o dr. Watson e quase tudo permanece oculto.
"Uma das coisas que tento mostrar em minhas histórias é que, ao contrário dos romances policiais, nós nem sempre temos todas as respostas. Muitas vezes temos de conviver com a dúvida, e por isso algumas histórias são tão assustadoras", define ele.
Para saber mais, clique aqui.
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