Comecei a ler e estou gostando. E ganhou Prêmio Esso. Não é pouca coisa. Leia sinopse abaixo (publicada no site da Livraria da Travessa):
“´Há uma grande diferença entre descobrir uma irregularidade
e descobrir que alguém descobriu uma irregularidade`”, avisa Solano Nascimento
na frase de abertura deste livro provocador. Ele está se referindo a uma
transformação silenciosa – e maléfica – que ocorre no jornalismo dito
investigativo no Brasil: não é mais o próprio repórter que desvenda as
maracutaias e falcatruas, mas autoridades que têm a obrigação de fazer isso,
como policiais, promotores, procuradores e outros agentes de órgãos de
fiscalização. Ao jornalista cabe apenas ter acesso àquela fita, ao tal dossiê,
ao vídeo comprometedor.
Para detectar essa tendência, o autor observou a cobertura
jornalística dos escândalos políticos nas três principais revistas semanais do
país – Veja, IstoÉ e Época – em todos os anos em que houve disputa presidencial
desde a redemocratização, da eleição de Fernando Collor de Mello, em 1989, à
reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Com apuro científico e analítico, Solano Nascimento
demonstra que a transformação do “jornalismo investigativo” no que ele chama de
“jornalismo sobre investigações” é uma realidade incômoda. Ao abrir mão de
investigar por si mesmo, o jornalista fica mais vulnerável ao risco de ser
usado pela fonte que passa a informação e pode perder o controle sobre o
próprio trabalho. Em outras palavras, o repórter deixa de ser um autor para se
tornar um escriba, aquele que resigna a reproduzir a obra dos outros – o que é
ruim para a imprensa, e terrível para a sociedade."
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