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sábado, 22 de junho de 2013
"O lavrador de Ipanema", Rubem Braga
Se é Rubem Braga é bom. Acabo de ler um anúncio na Folha que a Editora Record publicou um livro "novo" de crônicas do saudoso e genial Rubem Braga. Claro que recomendo. E vou encomendar.
"A cozinha venenosa, um jornal contra Hitler", Silvia Bittencourt
Deu hoje na Folha de S. Paulo. Interessante. Vale conferir. Vou encomendar.
Os inimigos de Hitler
Livro conta pela primeira vez história do jornal
'Münchener Post', maior oponente do nazista na imprensa alemã
CASSIANO ELEK MACHADODE SÃO PAULO
De todos os bilhões de folhas de papel jornal
gastas ao longo da história para tratar de Adolf Hitler, as primeiríssimas
saíram da gráfica de um jornalzinho chamado "Münchener Post".
Numa sexta-feira de maio de 1920, uma nota da seção
"Assuntos de Munique" registrava: "Uma espécie de partido, que
ainda anda de fraldas e aparenta ter saúde bem fraca, vem aparecendo às vezes
em público, sob o nome de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores
Alemães'. Na terça-feira à noite, um senhor chamado Hitler falou sobre o
programa desse partido'".
A reportagem informava que o tal senhor
"pregou o antissemitismo nos moldes nacionalistas".
Mais do que pioneiro em farejar que era preciso
ficar de olho no rapaz de bigode curto e fala inflamada, o "Post"
converteu-se logo em seu mais encarniçado inimigo na imprensa alemã.
Num livro importante sobre o fenômeno nazista,
"Para Entender Hitler" (Record, 2002), o jornalista norte-americano
Ron Rosenbaum opina: "A batalha travada entre Hitler e os corajosos
repórteres do Post' é um dos grandes dramas nunca relatados da história do
jornalismo".
Uma jornalista brasileira radicada na Alemanha
desde 1991 resolveu a questão. Em "A Cozinha Venenosa - Um Jornal Contra
Hitler", livro que acaba de ser lançado aqui, Silvia Bittencourt, 49,
conta pela primeira vez a história.
Fruto de três anos de trabalho, o volume, lançado
pela editora Três Estrelas (do Grupo Folha), conta em minúcias as batalhas, que
transcenderam as palavras, entre o diário e os nazistas.
Segundo Bittencourt, e a julgar pelo que relata
Rosenbaum, não há nem na Alemanha livros sobre o "Post".
"Aqui ninguém conhece o Münchener Post', nem
mesmo os políticos sociais-democratas atuais", diz a autora, em referência
ao partido político alemão que criou o jornal, no final dos anos 1880.
ASCENSÃO
A pesquisa de Bittencourt se desenvolveu em
especial em arquivos e bibliotecas de Munique, cidade na qual o austríaco Adolf
(1889-1945) se estabeleceu em 1913.
Depois de ter lutado na Primeira Guerra Mundial,
entre 1914 e 1918, o até então artista frustrado encontra nos fundos de uma
cervejaria no centro da cidade, em 1919, uma reunião de um pequeno partido
trabalhador, onde começaria sua trajetória.
"De um desocupado, sem formação ou profissão
alguma, Hitler se tornou, em poucos meses, uma estrela em Munique", diz
Bittencourt.
Ao contar a trajetória do "Münchener
Post", ela narra em detalhes a ascensão de Hitler e do partido, que saltou
dos 200 filiados do final de 1919 aos 4 milhões de membros em 30 de janeiro de
1933, quando Hitler foi nomeado chanceler alemão.
O "Post" não duraria então mais do que 40
dias. Embora já tivesse sobrevivido a incontáveis atentados nazistas, o de 9 de
março foi o final.
"Destroçaram os equipamentos de produção do
jornal, como os linotipos. Colocaram barras de ferro nas engrenagens das
prensas rotativas, a fim de impedir que elas voltassem a ser usadas, e lançaram
os grandes barris de tinta de impressão sobre as calçadas", relata a
autora.
O pequeno grupo de jornalistas que produzia o
diário, que à época tinha dez páginas diárias e modestos 15 mil exemplares, não
estava na Redação. Quase todos escaparam, um deles cruzando os Alpes a pé.
Outros não tiveram a mesma sorte.
O editor de cultura, Julius Zerfass, foi um dos
primeiros encarcerados no campo de concentração de Dachau, do qual seria solto
no fim do ano.
"A Cozinha Venenosa", título do livro,
era a maneira pela qual Hitler se referia ao jornal. No glossário do ditador,
"veneno" era um termo usado para o mais abominável.
O jornal retribuía chamando o nazista de
"arremessador piolhento de lama" ou classificando seu partido, já em
1923, como "o bacilo venenoso mais perigoso que o corpo do povo vem
carregando consigo". Como diz Rosenbaum, se houve alguém na história que
pode dizer "eu avisei" foram os repórteres do "Post",
primeiros "a tentar alertar o mundo para a natureza da besta feroz que
rastejava em direção a Berlim".
CRÍTICA - HISTÓRIA
Obra é biografia de um 'Post' suicida
e visionário
Em 'A Cozinha Venenosa', Silvia Bittencourt revela
a trajetória heroica do jornal alemão que tentou destruir Hitler
LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHODA
EQUIPE DE ARTICULISTAS
O "Münchener Post" descobriu em 1920
"um senhor chamado Hitler". Desde então, até desaparecer, cinco meses
depois da ascensão do Führer, em 1933, o jornal participaria de um
enfrentamento suicida e visionário.
O livro de Silvia Bittencourt é o primeiro a contar
uma história heroica e surpreendente. Tem como cenário a deterioração
econômica, partidos de direita e esquerda organizando milícias, o poder público
debilitado, a escalada da violência.
Por que o "Münchener Post" ficou tanto
tempo esquecido? Ron Rosenbaum, ao registrar em 1998 esta lacuna na história do
jornalismo, lembra ser mais reconfortante para a autoestima alemã acreditar que
ninguém realmente sabia quem era Hitler até ele assumir o poder.
O "Post" sabia. Criado pela
social-democracia alemã, com mais de meio século de militância, o jornal tentou
abater Hitler no nascedouro.
É uma coleção dramática de episódios até a
destruição total das suas instalações: confrontos verbais, agressões físicas,
ameaças, pequenos atentados, censura, interdições, processos, invasões,
empastelamentos.
A partir da aparição nas cervejarias de Munique, o
jornal atacou Hitler por todos os lados. Ridicularizou seu estilo. Investigou
seu jeito de viver. Cuidou do seu guarda-costas, das suas roupas. Denunciou
crimes e a matança de adversários.
No apêndice do livro, onde estão traduzidos seis
artigos originais do jornal, é possível ler, por exemplo, o texto no qual o
"Post" antecipou a "solução final da questão judaica", em
1931.
O título, "A Cozinha Venenosa", é uma das
maledicências de Hitler dirigidas ao jornal, "judeu e marxista".
"Münchener Pest", esbravejavam os
nazistas, tratados como criminosos,e não agentes políticos, por jornalistas
destemidos como Martin Gruber e Edmund Goldschagg.
Se a tiragem do jornal era modesta (15 mil
exemplares em 1932), seu engajamento partidário (alguns de seus colaboradores
seriam personagens importantes do jogo político: Kurt Eisner, após proclamar a
República da Baviera e ser seu chanceler, foi assassinado em 1919, horas antes
de o futuro editor Erhard Auer sofrer um atentado) tornaria o conflito mais
intenso.
Silvia Bittencourt vasculhou arquivos alemães e
mostra a desenvoltura de Hitler em busca do poder, usufruindo da desintegração
institucional do país, da inanição da polícia e dos tribunais.
Soaria estranha hoje a exploração sensacionalista
do suicídio da sobrinha de Hitler pelo jornal.
Contra um princípio programático do próprio
partido, pela descriminalização da homossexualidade, o "Post"
divulgaria intrigas e chantagens em torno do comportamento de Ernst Röhm,
comandante do exército privado de Hitler: o nacional-socialismo era "um
depósito de doentes e homossexuais" prestes a vencer.
Hitler era tangível e vulnerável, acreditava o
"Münchener Post". Para destruí-lo, valia tudo.
A COZINHA VENENOSA - UM JORNAL CONTRA HITLER
AUTORA Silvia Bittencourt
EDITORA Três Estrelas
QUANTO R$ 49,90 (374 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
AUTORA Silvia Bittencourt
EDITORA Três Estrelas
QUANTO R$ 49,90 (374 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
quinta-feira, 20 de junho de 2013
"Abaixo a Ditadura", José Dirceu e Vladimir Palmeira
Não é um livro sobre Jornalismo. Mas tem tudo a ver. Especialmente nesses tempos de manifestações de estudantes (junho de 2013). Sem mais delongas. E Vladimir Palmeira é hoje professor e meu companheiro de Faculdade.
Para saber mais, clique AQUI.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Livros da Eliane Brum são verdadeiras aulas de Jornalismo
Especialmente para meus alunos e ex-alunos. Acabo de ler o delicioso "A vida que ninguém vê", de Eliane Brum, uma das melhores repórteres do Brasil (se não for a melhor, incluindo aí os homens). Esse livro é antigo, de 2006, mas só agora consegui ler. Li também "O olho da rua".
Aulas de jornalismo na veia.
Curioso que na página 190 deo "A vida que ninguém vê", ela escreve: "(...) tenho a pretensão de que este livro seja lido nas faculdades de Jornalismo (com J caixa alta". Esse vai ser; o "Olho da rua" foi lido para os meus alunos há alguns dias. Alguns trechos, claro. Na página 195, Eliana diz que teve um Mestre (de verdade, não de "papel passado") na faculdade, Marques Leonam (seu parente, Mestre Carlos Leonam?). O cara dizia pra ela: "Lei Leonam número um: repórter não tem o direito de ser ingênuo.Lei Leonam número dois: repórter não tem o direito de ser ingênuo".
Caracolis! Este humilde jornalista e prof que escreve estas mal traçadas diz isso há anos. Tomara que algum ex-aluno aqui se lembre disso. E olha que estou muito longe de ser o Eliane Brum de calça comprida. No posfácio outro Mestre de verdade, Ricardo Kotscho, escreve sobre Eliane: "Escalada para cobrir a inauguração do primeiro Mc Donald´s de Porto Alegre (...) Eliane encontrou o primeiro filão que a diferenciaria dos outros repórteres. Em vez de fazer o registro burocrático habitual, ela puxou conversa com os aposentados que frequentavam a praça (...). Eliana procurava fugir da vala comum da pauta, cavando sua própria história".
Muitas vezes meus alunos me perguntam: "O que é um bom repórter?", "O que é um bom texto?". É Eliane Brum. Como no exemplo da página abaixo.
Tem outro livro da Eliane que não li e que não consigo encontrar, "Coluna Prestes, o avesso da lenda" (esgotado).
E outro que vai sair agora no final do mês de junho (escrevo em 19 de junho de 2013) e que já encomendei pela internet, "A menina quebrada".
segunda-feira, 17 de junho de 2013
"Coluna Prestes, o avesso da lenda", Eliane Brum
Sou fã do trabalho da Eliane Brum. Li "O olho da rua" (e destaco para os meus alunos em minhas aulas), estou lendo "A vida que ninguém vê" e encomendei "A menina quebrada", que vai ser lançado no final de junho. Esse "Coluna Prestes, o avesso da lenda" é mais antigo, está esgotado e não encontro em lugar algum. Se alguém tive alguma dica de como adquirir esse livro, agradeço. Não li, mas recomendo. Pelo bom texto da Eliane. Mas pelo que apurei, é um livro polêmico. Talvez por isso esteja sumido? Mas este Blog é imparcial. Será?
domingo, 16 de junho de 2013
"Os novos escribas", Solano Nascimento. Jornalismo Investigativo ou Jornalismo sobre investigações?
Comecei a ler e estou gostando. E ganhou Prêmio Esso. Não é pouca coisa. Leia sinopse abaixo (publicada no site da Livraria da Travessa):
“´Há uma grande diferença entre descobrir uma irregularidade
e descobrir que alguém descobriu uma irregularidade`”, avisa Solano Nascimento
na frase de abertura deste livro provocador. Ele está se referindo a uma
transformação silenciosa – e maléfica – que ocorre no jornalismo dito
investigativo no Brasil: não é mais o próprio repórter que desvenda as
maracutaias e falcatruas, mas autoridades que têm a obrigação de fazer isso,
como policiais, promotores, procuradores e outros agentes de órgãos de
fiscalização. Ao jornalista cabe apenas ter acesso àquela fita, ao tal dossiê,
ao vídeo comprometedor.
Para detectar essa tendência, o autor observou a cobertura
jornalística dos escândalos políticos nas três principais revistas semanais do
país – Veja, IstoÉ e Época – em todos os anos em que houve disputa presidencial
desde a redemocratização, da eleição de Fernando Collor de Mello, em 1989, à
reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.
Com apuro científico e analítico, Solano Nascimento
demonstra que a transformação do “jornalismo investigativo” no que ele chama de
“jornalismo sobre investigações” é uma realidade incômoda. Ao abrir mão de
investigar por si mesmo, o jornalista fica mais vulnerável ao risco de ser
usado pela fonte que passa a informação e pode perder o controle sobre o
próprio trabalho. Em outras palavras, o repórter deixa de ser um autor para se
tornar um escriba, aquele que resigna a reproduzir a obra dos outros – o que é
ruim para a imprensa, e terrível para a sociedade."
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sábado, 15 de junho de 2013
Eliane Brum em dose dupla: "A vida que ninguém vê" e "A menina quebrada"
Eliane Brum é uma das melhores repórteres da nova geração brasileira. Se não for a melhor de todas as gerações. Li "O olho da rua" (veja AQUI), estou lendo "A vida que ninguém vê" e vou ler em breve "A menina quebrada". Especial para quem gosta de bom texto e para quem gosta de bom Jornalismo. E para quem gosta de repórter que tem um outro olhar.
"Morrer de prazer. Crônicas da vida por um fio", Ruy Castro
Não é bem um livro de Jornalismo, mas crônicas têm tudo a ver com Jornalismo. E Ruy Castro dispensa apresentações. Li em um dia. Destaco uma das crônicas, "Prazeres da ´melhor idade`", que reproduzo abaixo.
Para ler é só passar a mãozinha
segunda-feira, 3 de junho de 2013
"David Ogilvy: a origem da publicidade moderna", de João Renha
Tenho essa mania: leio um livro e, dependendo do autor, do tema e da bibliografia, passo a ler outros livros que tenham a ver com o assunto. Como esse aí do mesmo autor de "A propaganda brasileira depois de Washinton Olivetto" (ver post abaixo). Este Blog tem o título de Livros de Jornalismo, mas Publicidade tem tudo a ver com Jornalismo. Não é preciso dizer. Para saber mais, veja essa entrevista do professor João Renha ao site da Rede Globo. Clique AQUI.
"Técnica de redação. O que é preciso saber para bem escrever", Lucília H. do Carmo Garcez
Vale o mesmo comentário do post acima: "Tenho essa mania: leio um livro e, dependendo do autor, do tema e da bibliografia, passo a ler outros livros que tenham a ver com o assunto. Como esse aí do mesmo autor de "A propaganda brasileira depois de Washinton Olivetto" (ver post abaixo). Este Blog tem o título de Livros de Jornalismo, mas Publicidade tem tudo a ver com Jornalismo. "
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