Acompanhei bem a Fluminense FM, a Maldita. Dois de meus grandes amigos de infância, Sergio Vasconcellos e Amaury Santos, estavam entre os principais criadores. Algumas vezes fui a Niteroi para ouvir ao vivo e emprestar discos. Inovando como fez a rádio, o livro também está disponível no kindle. Clique aqui.
Aliás, a Folha de S. Paulo de ontem fez uma interessante reportagem sobre os ebooks. Leia.
Livro virtual fortalece pequenas editoras
Custo zero com impressão e transporte é vantagem; no exterior, minieditora publicou "Cinquenta Tons de Cinza"
Pequenas se concentram em distribuir e-books a lojas como a Amazon; no Brasil, são alternativa às editoras tradicionais
Com o crescimento do mercado de e-books, os custos reduzidos de operação de uma editora virtual, que não tem gastos com impressão e logística, devem fortalecer as pequenas empresas do setor.
O assunto chama a atenção da Câmara Brasileira do Livro, tradicional entidade do setor. O livro digital será protagonista do seu próximo congresso, em junho.
O debate surge porque o e-book está, talvez tardiamente, despertando no Brasil. O país tem, hoje, 11 mil títulos digitais. Reino Unido e EUA já passaram de 1 milhão. No mercado norte-americano, os digitais já representam 22% dos gastos com livros.
No exterior, pequenas empresas se especializaram em oferecer a autores em busca de fama a distribuição dos seus livros para aparelhos como o Kindle e o iPad.
Elas viraram sensação depois que uma delas, a obscura Writer's Coffee Shop, distribuiu às lojas virtuais dos e-books "Cinquenta Tons de Cinza", romance erótico sobre sadomasoquismo escrito pela produtora inglesa de TV Erika Leonard James.
O boca a boca -ou, no caso, o "teclado a teclado"- fez o serviço -e o livro, que saiu diretamente em formato virtual- virar uma sensação.
Só quando o barulho já era grande uma editora tradicional entrou no jogo.
No Vale do Silício, outras pequenas empresas já conseguiram dinheiro de investidores para se especializar em oferecer o serviço de distribuição virtual a autores que não conseguem -ou não querem- publicar por uma editora tradicional.
Essas empresas também ajudam o autor a conseguir um número ISBN, que é o cadastro no sistema de registro internacional de livros. O autor, que negocia com a editora virtual qual fatia das vendas ficará para ela, pode até escolher o preço do seu livro.
Desnecessário dizer que a grande maioria dos livros fica muito longe de virar um "Cinquenta Tons de Cinza". Mas os dados da Amazon, maior vendedora de livros virtuais nos EUA e no Reino Unido, mostram que o título não é o único caso de livro autopublicado -ou seja, sem uma editora tradicional, mas utilizando os serviços de uma distribuidora virtual- que faz sucesso.
Em 2012, 15 dos 100 livros mais vendidos pelo site foram publicados assim. A Amazon e a Apple têm se esforçado para fazer os autores irem diretamente a eles, cortando os intermediários e, assim, os preços. Jornais como "New York Times", que tradicionalmente não resenhavam livros "independentes", mudaram a sua política.
BRASIL
No Brasil, já há pequenas editoras oferecendo o serviço de edição digital. Duas delas são a Digital Books Editora (digitalbookseditora.com.br) e a KBR Editora (kbrdigital.com.br).
Elas cobram para dar ao livro um ISBN, uma capa e uma comercialização na Amazon, na Livraria Cultura virtual e na Saraiva.com.br, entre outras lojas -no caso da Digital Books, R$ 245; na KBR, o preço varia conforme o título.
Entre os livros já publicados, Noga Sklar, editora da KBR, cita, por exemplo, "O Rabino e o Psicanalista", coletânea de contos de temática judaica de Rosane Chonchol, que já vendeu cerca de 2.000 cópias na Amazon. "Para o mercado brasileiro, é muito expressivo", diz Sklar.
Para quem quiser vender o livro apenas na Amazon, é possível ainda utilizar o serviço de edição próprio dela, o Kindle Direct Publishing. Não há revisão nem nenhum tipo de apoio técnico, e o livro também não recebe ISBN.
Não é possível saber se surgirá em algum momento um e-book best-seller brasileiro como "Cinquenta Tons de Cinza" longe das grandes editoras. Mas vale lembrar que, no mercado de entretenimento nacional, músicos e comediantes descobriram que não é impossível fazer sucesso sem grandes gravadoras ou produtoras.
No Brasil, um exemplo recente é o canal independente de humor "Porta dos Fundos", cujos vídeos costumam ter mais de 2 milhões de espectadores da internet.
Críticos apontam falta de qualidade editorial
DE SÃO PAULOEmbora as pequenas editoras estejam fazendo sucesso no exterior, os críticos de livros americanos têm apontado falta de critério na publicação de livros por essas novas empresas virtuais.Em artigo em abril do ano passado, por exemplo, a crítica Sarah Fay, da revista "The Atlantic", causou polêmica ao dizer que essas editoras têm sido "aglutinadoras de mediocridade".
Para ela, "esses e-books com frequência sofrem com escrita ruim e muitos erros de inglês. As editoras tradicionais têm as suas limitações, mas a boa literatura ainda precisa de editores, agentes, revisores e designers".
Javier Celaya, especialista espanhol em publicações digitais que virá ao Brasil para o congresso da Câmara Brasileira do Livro, concorda que "uma editora que não cuida das suas versões digitais está colocando o seu futuro em perigo", mas acha que o mercado tende a se ajustar.
"Em design, por exemplo, diria até que, nos últimos meses, tenho visto mais inovações na tela do que no papel."
Essa discussão deve chegar rapidamente ao Brasil. Em dezembro, estrearam no país a Amazon, a Kobo (parceira da Livraria Cultura no mundo digital) e a venda de e-books nacionais pelo Google Play.
A Apple já estava no mercado desde outubro e é líder -há 3 milhões de iPads e iPhones no país, mas o Kindle, da Amazon, alcança só dezenas de milhares de leitores.
As grandes editoras estão dedicando grande atenção ao mercado. Mas isso não significa que as pequenas não possam concorrer, diz Celaya.
"Na era digital, toda editora, independentemente do tamanho, pode distribuir até em nível global."